Como aprender inglês (ou, teoricamente, qualquer outra língua)
Aprender inglês pode ter sido a coisa mais importante que eu
já fiz e o motivo disso é porque eu tive acesso a todo tipo de
informação por causa disso. Isso é o que me motiva a escrever este
artigo e também um dos fatores que me levou trabalhar como
professor de inglês.
Entretanto, eu não aprendi inglês em um curso. Acredito que cursos
de idiomas sejam ótimos recursos para se aprender a língua
desejada, mas não são os únicos. Além disso, acredito
que utilizar apenas uma
forma de aprender um idioma não é uma boa estratégia. Neste
post vou buscar explicar como aprendi inglês de modo a atingir a
fluência e quais são os princípios, com citações e tudo!, que podem
ser aplicados no aprendizado dessa língua e, a princípio, de
outras. As línguas podem ser diferentes, mas a os princípios do
aprendizado são os mesmos. Serei irritantemente repetitivo em
alguns pontos.
Como eu aprendi inglês?
Vou expor
isso porque acho que é interessante deixar claro qual é a minha
experiência, porque é baseada nela que proponho o meu método -- que
não fui eu em quem inventei, mas simplesmente descobri. Alguns
pesquisadores, como Krashen, e professores, como os que eu cito
mais abaixo, estruturam uma forma muito interessante de aprendizado
de línguas que é idêntica à forma que eu aprendi (sem saber que
estava aprendendo). Se quiser você pode pular essa parte se quiser
ir direto pra prática, pro como. É basicamente eu falando
sobre videogames e canais no YouTube, mas ainda assim acho que é
interessante para exemplificar o processo de aprendizado.
Acho que o
pontapé inicial foi quando minha mãe comprou nosso primeiro
computador, que nós dividíamos, quando eu tinha oito anos. Isso foi
por volta de 2005. Um técnico foi lá em casa fazer algumas coisas
como instalar programas, anti-vírus e configurar nossa Internet.
Ele também instalou uma cópia pirata de "Age of Mythology" e outros
jogos. Esse jogo estava completamente em inglês.
Age of Mythology. Que
nostalgia, maluco.
Esse jogo
tinha modos de história e de jogo livre. Eu joguei a história do
jogo toda em inglês, sem entender a língua. Eu não sabia coisas
básicas, então eu tinha muito problema pra entender o que eh tinha
que fazer. Em algumas fases eu tive que repetir mais de dez vezes
por estar tão perdido. Eu falhei inúmeras vezes. Quando descobria o
que eu tinha que fazer eu também aprendia o que determinada palavra
significava, mas eu zerei o jogo sem entender direito a história.
Aprendi algumas palavras, mas não compreendi muito bem.
Surpreendentemente, um tempo depois de zerar o jogo eu descobri que
dava pra deixar o jogo todo em português. Eu passei todo
aquele perrengue
porque essa merda tava em
inglês e aí eu descubro que dá pra deixar tudo, inclusive a dublagem, em
português? Parecia ter sido uma piada cósmica.
Então lá
fui eu. Surpreso, frustrado, mas feliz. Quando criança eu
tinha uma fascinação estranha por mitologia grega, então aquele foi
um jogo que eu joguei por muito tempo sem enjoar. Resolvi jogar o
jogo de novo em português. Eu já tinha gravado algumas frases em
inglês (de tanto ouvir elas serem repetidas), então quando eu vi os
mesmos personagens falando as mesmas frases nas mesmas situações,
mas em português, eu fiz conexões imediatas.
Foi aqui que aprendi o que significa gate. Uma cena que vi mais de dez
vezes (só na primeira vez que joguei)
Depois
disso meu primo me mostrou um jogo chamado Flyff, que era um mmorpg
em que praticamente todo mundo lá dentro era americano. Encontrei
um brasileiro ou outro, mas em geral eu tinha que me virar pra me
comunicar em inglês com os jogadores lá, tendo como única fonte de
inglês o que eu aprendi no Age of Mythology, que não era
muito.
Mas se
você parar pra pensar, isso foi análogo a um intercâmbio-surpresa.
Lá estava eu, passando horas por dia num universo em que
praticamente todo mundo só falava inglês. Por contexto e por falar
com essas pessoas eu aprendi muita coisa também.
Chegou uma
hora que eu enjoei do jogo. Era repetitivo e monótono, mas fiquei
alguns poucos meses nele. Acabei adquirindo confiança para falar em
inglês, mesmo falando tudo errado. O objetivo era me
comunicar.
Por acaso
conheci no Orkut um vlogger chamado Fluffee Talks. Era basicamente
um cara que comentava notícias de uma forma cômica. Vídeo no link a
seguir:
Inclusive esse foi o primeiro vídeo dele que assisti
Assisti
vários vídeos desse cara. Eu não entendia tudo, mas eu entendia
alguma coisa, e quanto
mais eu entendia, mais eu aprendia o que eu não sabia por contexto.
Não conhecia uma palavra mas conhecia as palavras em volta dela.
Não sabia o que ela queria dizer, mas pela situação em que ela tá
sendo usada eu suponho que o significado seja esse.
O pouco
que eu entendia eu achava extremamente engraçado, e isso me motivou
a continuar assistindo mesmo tendo uma meramente parcial do que
estava sendo dito.
Então eu
conheci um jogo chamado The Elder Scrolls IV: Oblivion. Acho que
esse foi o melhor recurso que eu tive, mas ele não teria sido
válido se eu não tivesse passado pelos outros.
Consigo até ouvir a voz desse guarda enquanto leio a
legenda
O jogo era
basicamente um RPG em que você montava um personagem e tinha que
(simplificando) evitar que o pessoal de um culto invocasse
criaturas malignas que poderiam destruir o mundo como ele é, além
de muitas outras coisas.
Nesse
jogo, sempre que um personagem falava com você, uma legenda em
inglês aparecia em baixo. Acredito sinceramente que esse foi o
grande fator; o fator de maior importância.
Eu também
tinha o mau hábito de passar horas lendo coisas no 9gag. O 9gag é
um site de memes, basicamente, e em 2011 ele estava cheio de
ragefaces, e por alguma razão as pessoas conseguiam arrumar um
jeito de brigar por causa de tirinhas na internet. O ser humano é
incrível. Tirinhas na
internet faziam as pessoas brigarem, se xingarem e, por
alguma razão, provavelmente a falta de argumentos e uma sensação
dolorosa de baixa autoestima, elas começavam a corrigir a gramática dos seus
interlocutores. Você tá brigando com alguém e como argumento
você corrige o que ela disse porque não está de acordo com a
gramática. Foi o primeiro lugar em que eu vi o termo grammar nazi. Isso também me foi útil,
de certa forma.
Custo benefício
Acho que
tem um padrão interessante a ser percebido nessa trajetória: eu não
estava indo atrás de aprender inglês. Eu queria jogar videogame. Eu
queria assistir séries. Eu queria ver memes na internet. Enfim, eu
queria me divertir. O inglês era o obstáculo que me impedia de
fazer isso.
A língua é
uma ferramenta. Você não aprende martelo. Você aprende a usar o
martelo pra construir e consertar coisas. Da mesma forma, posso
estar errado, mas não vejo sentido em aprender uma língua como um
fim em si mesmo. Se você aprende uma língua é porque você quer se
comunicar nela. Análogo a uma linguagem de programação, aprender
uma língua deve ter um propósito.
Quer
dizer, o que te leva a querer aprender inglês?
Muitas
pessoas aprendem inglês por causa do mercado de trabalho. O
"mercado de trabalho" é um bom motivo. Uma vez um ex-aluno
meu, um menino de doze
anos, me disse que queria aprender inglês por causa do
mercado de trabalho. Quem tava falando, ele ou o pai dele?
Há pessoas
que vão morar em outros países que acabam esquecendo a própria
língua materna. Certamente essas pessoas não esquecem por completo,
mas ficam meio enferrujados. Se uma língua é só um carimbo num
currículo ela vai perder qualidade simplesmente por não ser usada.
Isso seria análogo a aprender uma língua como um fim em si mesmo:
você não quer usar a língua. Só quer sabê-la. Só pra dizer que
sabe.
Existem
motivos muito melhores do
que o mercado de trabalho pra se aprender a falar inglês. Na minha
opinião o melhor deles é: aprender.
Querendo
ou não, sofrendo pelo imperialismo norte-americano ou não, a língua
inglesa é a língua pela qual o mundo se comunica. Talvez haja mais
gente que fala espanhol e mandarim do que gente que fala inglês,
mas quando dois povos falantes de línguas diferentes resolvem fazer
uma troca é comum que essa troca se dê em inglês.
Quando eu estava indo para o Rock in Rio em 2011 me apareceu um estrangeiro que pedia informação sobre como chegar ao Rock in Rio. Ele não era falante nativo da língua inglesa, e muito menos da língua portuguesa, percebia-se pelo sotaque. Estávamos os dois no Brasil. Éramos ambos de povos diferentes… mas toda a comunicação se deu em inglês.
No que
isso implica? Pense em uma coisa que você gostaria de aprender.
Pode ser uma habilidade, ou algum detalhe esquecido da história, ou
até mesmo uma outra língua. Há grandes chances de ser mais fácil
encontrar recursos para aprender essa coisa do que em português. O
motivo disso é que tem mais gente interessada nesse assunto ao
redor do mundo do que simplesmente nos países falantes do
português, e portanto mais gente falando, ensinando e indagando
sobre esse assunto. E é comum que essas pessoas, na intenção de
tornar seu conhecimento acessível a um número maior de pessoas, o
disponibilizem em inglês.
Tenho interesse em artes e desde criança quis estudar formalmente o desenho. Um curso de artes renomado (mas que faliu e acabou) na minha cidade cobrava parcelas de mais de 200 reais por mês para ensinar. Em inglês encontrei o conteúdo que estava na ementa deste curso, provavelmente até melhor, em um site, por pouco mais que 60 reais por mês.
Um tempo atrás me interessei em aprender hebraico, e todos os recursos para aprender hebraico em português eram pagos e superavam a margem dos 100 reais mensais. Em inglês encontro não só conteúdo barato (comprei certa vez um curso por um dólar, e encontrei outros riquíssimos por trinta reais mensais), mas também de graça.
Mesmo que
você queira aprender inglês só pro seu trabalho, em última análise você quer se comunicar
em inglês com as pessoas com que você vai trabalhar. Mas lembre
também que por saber inglês você vai ter acesso a filmes, livros,
educação, piadas, memes bons, memes ruins, cultura — você pode usar
o inglês pra aprender outras línguas até! No Duolingo, saber
português nos permite estudar francês, inglês, espanhol e alemão (e
talvez esperanto também?).
Com inglês você tem acesso a línguas como grego, hebraico, catalão,
japonês, mandarim, sueco, entre outras, e até línguas fictícias
como klingon e
dothraki.
Contexto
Tá bom,
mas como? Como que eu aprendo?
O mais
importante, acredito, é se expor
à lingua. Anexo então o seguinte vídeo. O que é tornado
explícito aqui é exatamente como eu aprendi inglês, e
como as metodologias de bons cursos de inglês estruturam suas
aulas: contexto.
Eis mais
um vídeo:
Há legendas em português.
Qual é a
sacada?A gente vê uma palavra (por exemplo: anger, angry) sendo usada em uma
determinada cena:
You’re making me angry. You
don’t want to see me angry..
Depois, a
mesma palavra é usada numa cena diferente, mas numa situação
parecida. O contexto nos ensina o que a palavra significa.
Hum, então quer dizer que
"angry" tem a ver com "raiva"?
Expor-se à
língua invariavelmente nos faz aprender alguma coisa sobre essa
língua. Também temos, hoje em dia, acesso à internet, que é um
recurso que facilita nosso aprendizado consideravelmente: quando
nós ouvimos alguém falar numa língua estrangeira temos também
acesso a legendas que
simbolizam o que essa pessoa está dizendo. As imagens que vemos
numa tela criam situações em que as palavras são usadas, e os sons
que são ditos são associados a caracteres dispostos na legenda. É
importante, entretanto, que a
legenda esteja no mesmo idioma que o áudio.
Tendo isso
em mente nós ganhamos acesso a uma forma de aprender muito superior
à mera memorização. A prática menos eficiente para expandir o
vocabulário em uma língua estrangeira é consultar o dicionário. A
melhor forma de aprender uma língua nova, ao meu ver, é aprender a
pensar nessa língua nova,
e nós ganhamos essa capacidade através da exposição à língua e
aquisição de vocabulário por contexto.
Quando nós
pensamos, normalmente pensamos em palavras ou imagens. Quando em
imagens, nós geralmente podemos descrever essas imagens com
palavras.
Essas
coisas que imaginamos também vêm associadas a cargas emocionais, a
lembranças, sentimentos. Imagine uma memória em que você se sentiu
feliz. Imagine uma memória em que você se sentiu horrível. Se você
fez isso, invocou na sua cabeça imagens e com elas invocou
emoções.
Quando eu
falo fogo e
imaginamos o fogo, de
certa forma lembramos de quente, de aconchego. Também podemos lembrar de
perigo, queimadura, dor. Também podemos
lembrar de vermelho.
Podemos ver, com o olho da mente, a imagem do fogo. Estamos
associando palavras com contextos, com sentimentos, com sensações,
com emoções.
Quando nos
expomos a uma língua, quando vemos uma série, um filme; quando
jogamos um jogo, nós aprendemos as palavras em contexto. As
palavras vêm carregas de memória. Junto com as palavras vêm as
cenas em que ouvimos e compreendemos o significado dessas palavras
pela primeira vez.
Folheando uma gramática podemos aprender que 1200 pode ser lido como "one thousando two hundred", mas nunca vou esquecer quando, assistindo The Big Bang Theory, vi pela primeira vez alguém dizer a frase "Twelve hundred", quando Leonardo falava sobre o preço do aluguel com a Penny.Quando interessado pelo hebraico aprendi que dinheiro é kesef porque, assitindo Hostages (em hebraico com a legenda em hebraico) no Netflix, vi dois homens brigando por causa de uma dívida, e kesef era uma palavra mencionada várias vezes, junto de números.A primeira frase em inglês que eu entendi numa conversa espontânea foi no Flyff. A frase foi "and she was like ‘oh my God'".
Nos
exemplos acima aprendi pelo contexto. Quando penso nessas frases,
nessas palavras, nessas situações, automaticamente me vêm a memória
visual do momento em que eu entendi elas significavam. Lembro das
cenas e dos meus sentimentos em entender o que estava
acontecendo.
Quando
digo fire, a melhor forma
de se relacionar com essa palavra é vendo o fogo com os olhos da mente. Se
eu faço isso:
Estou
fazendo com que minha primeira língua, o português, seja uma
espécie de pedágio entre as palavras e o que elas significam.
O ideal
então é ter essa experiência:
E qual a
melhor forma de ter essa experiência? Expondo-se à língua. Tendo experiências com a
língua. A experiência imprime sentimentos em nossa memória,
e esses sentimentos ficam associados a essa palavra, junto com a
imagem que é associada a ambos.
Recursos
Existem
diversas formas de ter experiências com a língua. Você pode:
-
Assistir séries
-
Ouvir músicas
-
Ver filmes
-
Jogas jogos
-
Ler revistas (elas estão cheias de imagens e, portanto, contexto)
-
Ler livros infantis
-
Estudar gramática
-
Pagar por aulas
-
Falar com pessoas estão aprendendo a língua
-
Falar com pessoas que dominam a língua
E eis uma
parte muito importante: quando aprendendo você não precisa entender
tudo. Você não deve nem mesmo esperar entender tudo. Recomendo que
assista a esse vídeo (último?):
Possui legendas em português
Como se
pode ver nesse vídeo, o palestrante elabora algumas estratégias
para aprender línguas. Essas estratégias são constantes em todas as pessoas que
aprendem uma segunda língua, mesmo que não se a esteja fazendo
conscientemente. Entre elas, friso:
Listen a lot. Doesn’t matter if you get it. Ouça bastante. Não importa se você entende ou não.Language is a creative process. Don’t be afraid to make mistakes.Língua é um processo criativo. Não tenha medo de errarCertamente estes não são os mais importantes, mas são aqueles com que vejo mais gente tendo problema.
E aqui
estou repetindo mais uma vez: exponha-se à língua. Consuma o
maior número de recursos aos quais você tem acesso para aprender a
língua que você quer
Dito isso,
você vai precisar de diversos recursos pra aprender inglês. Você
vai ter que consumir e produzir em inglês.
Aulas
Aulas são
valiosas. Eu gosto de pensar nas aulas como casulos: nelas você
cresce, mas você tem que voar sozinho.
Só que
analogias são difíceis, e essa é uma analogia horrível já que a
borboleta não voa dentro do casulo. Não caia nessa ladainha do
diploma. Não caia na ladainha do vou fazer X quandoeles disserem que
eu estou pronto. Enquanto está tendo aulas, também consuma conteúdo fora dela.
Use o maior número de recursos
que você puder para aprender a língua. Duolingo, curso,
videogame, séries, filmes. Assista filmes em inglês. Coloque a
legenda em inglês. Listen a lot.
Doesn’t matter if you get it. Voe ainda dentro do casulo.
Como professor eu posso dizer: os alunos que ousam explorar a
língua fora das aulas são os que melhor aproveitam o curso.
Então não
é porque você pode aprender sozinho que pagar por aulas seja igual
a jogar tempo e dinheiro fora. Pelo contrário, aprender do lado de fora vai fazer com que
você aprenda melhor do lado de dentro.
Essa é uma
via de mão dupla também: se você não tem recursos financeiros para
bancar um professor particular ou pra frequentar um bom curso, isso
não é motivo pra desistir. Você é uma hidra de nove cabeças e só te
arrancaram uma. Dá pra funcionar muito bem com as outras oito.
Aulas, mesmo que valiosas, são apenas um dos recursos disponíveis.
Prática
Considere
seus interesses. Aprenda o vocabulário daquilo que você gosta, seja
sua profissão ou seu hobby. Repito: assista filmes e séries em
inglês. Veja com legenda em inglês, em vez de português.
Listen a lot, doesn’t matter if
you get it. Você vai aprender pelo contexto. Jogue jogos,
leia blogs, artigos, faça um curso, use aplicativos como o
Duolingo. Converse com estrangeiros no Speaky. Faça tudo isso em
inglês, ou na sua língua-alvo, mesmo que você se sinta como um cego
andando por uma sala que não se conhece. Língua não é engenharia.
Se você errar não vai cair nenhuma ponte. Logo, não tenha medo de
errar (a menos que você seja um engenheiro construtor de
pontes).
Mas uma
coisa quero frisar: não se crucifique. Não desequilibre toda a sua
vida em prol de aprender uma língua. Isso só vai gerar estresse.
Use múltiplos recursos, sim, mas mais importante: divirta-se.
Aprender uma língua é divertido. Inglês é divertido. É muito
gostoso aprender a expressar os mesmos pensamentos com sons
completamente diferentes aos que estamos acostumados. Além disso,
cada língua tem sua série de trocadilhos e piadas ruins — e piadas
ruins são as melhores piadas.
Por
último, quero falar da ideia do domínio linguístico. Ainda aprendo
palavras em português, sendo que ela é a minha língua nativa.
Enquanto escrevo isso, fui pesquisar o que significa paulatinamente, que eu li num livro
esses dias. Não é possível, acredito eu, conhecer toda uma língua. O aprendizado é
eterno.
Não existe
isso de dominar uma língua
integralmente. Certamente, há uma língua comum dentro de cada língua.
Todo mundo deve saber comprar pão, fazer conversa fiada de elevador
e reclamar do tempo. Entretanto, se eu for agora à um
simpósio de medicina, em português, vou ficar completamente
perdido. Mesma coisa em um simpósio de física: não faço a mínima
ideia do que sejam neutrinos, pósitrons, quarks e todos esses nomes
chiques. Em português e em inglês, eu não faço a mínima ideia de
como entender o que essas pessoas falam.
Por isso,
aprender uma língua tem como grande necessidade aprender
o que você quer comunicar na
língua. Se te interessam, por exemplo, os computadores,
aprenda o vocabulário dos computadores e aprenda a se comunicar
(falar e ouvir) a respeito deles na sua língua-alvo. Por causa
disso, não se cobre excessivamente se você não entende o que diz um
artigo sobre o papel da mitocôndria na respiração celular nos
apêndices do peixe-boi da Amazônia, já que é um vocabulário
completamente distinto do que aquele a qual você foi exposto.
Falei que
seria repetitivo, e fui.
Bônus:
Para aprender o maldito som do th de theater, thunder, thought, thanks, think…